Teste gratuito de maturidade realizado em plataforma com 416 companhias mostra que maioria está nos níveis 1 e 2 em escala de 0 a 5 no uso de tecnologias digitais, como internet das coisas e big data
Como forma de incentivar as empresas brasileiras a acompanhar na 4ª revolução tecnológica, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) disponibiliza teste online gratuito que mede a maturidade no uso de tecnologias digitais. Até o momento, 416 representantes de 15 segmentos responderam ao questionário, que avalia o uso de recursos como internet das coisas, big data e robótica autônoma, assim como o envolvimento da companhia com a atualização tecnológica. A maior parte das participantes está nos primeiros estágios da chamada Indústria 4.0, nos níveis 1 e 2, em uma escala de 0 a 5.
“A Indústria 4.0 é a grande oportunidade para que as empresas brasileiras se tornem mais produtivas. O SENAI compreende que o caminho rumo à manufatura avançada é mais do que adotar novas tecnologias, como inteligência artificial e big data. Exige, entre outros aspectos, a qualificação de profissionais que vão programar máquinas complexas, implantar novos processos e, principalmente, tomar decisões embasadas e em tempo real. Passa também pelo investimento em inovação, ou seja, no desenvolvimento produtos e processos inteligentes”, explica o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi.
O SENAI já oferta cursos de aperfeiçoamento em cada uma das tecnologias da Indústria 4.0, assim como firmou parceria com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) para oferecer a engenheiros uma pós-graduação sobre o tema. Além disso, está atualizando todos os seus cursos para inserir conhecimentos e competências que serão exigidos dos profissionais nesse campo. A instituição atua também junto aos empresários para mostrar que empresas de todos os portes já podem acompanhar a revolução tecnológica com baixo investimento.
QUESTIONÁRIO – O SENAI possui uma plataforma (senai40.com.br) na qual disponibiliza o questionário a empresas de qualquer setor econômico, não apenas da indústria. Entre as perguntas estão: “Quais áreas da empresa receberam investimentos na implantação de Indústria 4.0 nos últimos dois anos?”, “Qual é o nível de envolvimento, apoio e conhecimento dos líderes da empresa (direção-executiva e gerentes-sênior) com relação ao tema Indústria 4.0?”, “Qual é o nível do uso de sensores no chão de fábrica?”, entre outras. Os respondentes são, em geral, sócios-proprietários, coordenadores de informática, de processo, de produção e de manufatura.
Do total de participantes, 134 estão no nível 1, e 170 empresas se encontram no nível 2. Apenas 112 encontram-se nos níveis 3, 4 e 5. Em média, as empresas tiveram nota 2,45.
Com nota média 3,03, as grandes empresas levam pequena vantagem em relação ao nível de maturidade na Indústria 4.0. As médias companhias obtiveram pontuação 2,6; as pequenas, 2,29 e as microempresas conseguiram 2,21. A maioria dos respondentes (37%) é de microempresas, seguidas por pequenos negócios (25%).
“Percebemos, a partir dos testes realizados na plataforma do SENAI, que o porte da empresa é fator pouco relevante na inserção à Indústria 4.0. Acreditamos que há outras razões que explicam a atualização tecnológica: a existência de um líder engajado; a abertura da empresa a parceiros, fornecedores, universidades; e a agilidade em aprender com decisões e experimentos. Esses são os três fatores decisivos”, explica o gerente-executivo de Inovação e Tecnologia do SENAI, Marcelo Prim.
As empresas que se identificam como apoiadoras da indústria são as que atingiram maior nível médio de maturidade, com pontuação média de 2,60. Em seguida, estão as companhias dos segmentos eletroeletrônico (nota 2,54); serviços especializados (2,48); alimentos e bebidas (2,35) e metalmecânico (2,35). A maior parte dos respondentes (134) são representantes de empresas das áreas de automação ou metalmecânica.
Em relação à localização, a maior parte (89) dos participantes do teste são de São Paulo; 39 são do Paraná; 48 do Rio Grande do Sul; 18 de Pernambuco; 23 de Santa Catarina; 28 de Minas Gerais, entre outras. Empresas de 24 estados fizeram a avaliação na plataforma do SENAI.
O teste de maturidade proposto é baseado em modelo desenvolvido pela Academia Nacional de Ciência e Engenharia (Acatech). As empresas que estão no estágio 1 planejam a produção por meio de métodos empíricos e a controlam por meio de pranchetas e papel. No nível 2, implementam métodos de manufatura enxuta e utilizam sensores para coletar informações em tempo real, conectando a produção a sistemas de gerenciamento de produção.
No terceiro degrau, quando se considera que a companhia está inserida de fato na rota rumo à Indústria 4.0, a empresa utiliza tecnologias como computação em nuvem, big data e machine learning, que permitem aprender com o sistema produtivo, por meio da análise de seu histórico, tornando-se mais ágil a partir de análises e planos de ação. Nos estágios seguintes (4 e 5), é possível prever situações e adaptar-se rapidamente com uso de sistemas de suporte a decisão, inteligência artificial e robótica colaborativa. São os estágios mais avançados da indústria 4.0.
GUIA – Além do teste, o SENAI possui um guia com cinco passos que as pequenas e médias empresas devem seguir para se inserir na indústria 4.0 após identificar seu grau de maturidade tecnológica. Os consultores da instituição podem auxiliar diretamente empresas interessadas em se atualizar tecnologicamente. A recomendação é que, em primeiro lugar, os empresários organizem seu sistema produtivo para reduzir desperdícios, por meio de ferramentas como manufatura enxuta, ou lean manufacturing. A técnica foi implantada pelo SENAI em empresas atendidas no programa Brasil Mais Produtivo com aumento médio de produtividade de 52%.
Em seguida, a orientação é instalar sensores nas principais linhas de produção, a chamada digitalização, e capacitar funcionários para analisar as informações geradas pelos equipamentos. Ter profissionais qualificados é o ponto-chave para as empresas que vão adotar tecnologias digitais. Eles serão responsáveis, por exemplo, por tomar decisões estratégicas a partir das informações geradas.
A digitalização, um dos primeiros degraus para inserção na indústria 4.0, ajuda as empresas a conhecerem melhor seu chão de fábrica e a conseguirem se antecipar a eventos como quebras de máquinas, que afetam a eficiência do processo produtivo. Os próximos estágios recomendados pelo guia são tornar visíveis em nuvem os dados produzidos pelos sensores e integrá-los aos indicadores da empresa; introduzir tecnologias como big data e inteligência artificial e utilizar esses recursos para responder de forma rápida e flexível às demandas dos clientes.
PASSO A PASSO DA INDÚSTRIA 4.0
ESTÁGIO 1 – OTIMIZAÇÃO: Aumente a produtividade do chão de fábrica e dos seus funcionários, ao mesmo tempo em que o desperdício é reduzido, elevando a sua margem de lucro. Capacite as lideranças no tema indústria 4.0 e se prepare para a segunda etapa.
ESTÁGIO 2 – SENSORIAMENTO E CONECTIVIDADE: Agora que você já ajustou o seu processo produtivo, é necessário sensoriar suas principais linhas de produção. Seus técnicos serão capacitados para analisar dados em tempo real, aprender com o seu chão de fábrica e tomar rápidas decisões.
ESTÁGIO 3 – VISIBILIDADE E TRANSPARÊNCIA: Como os dados do processo já estão sendo captados por sensores, é hora de torná-los visíveis em uma nuvem e integrados aos demais indicadores da empresa e de toda a sua cadeia de valor.
ESTÁGIO 4 – CAPACIDADE PREDITIVA: Agora que sua empresa já começou a aprender com o seu processo produtivo, é hora de introduzir tecnologias como big data e inteligência artificial para auxiliar em possíveis testes e prever diferentes cenários.
ESTÁGIO 5 – FLEXIBILIDADE E ADAPTABILIDADE: Nesta fase, os sistemas e tecnologias implantados possuem capacidade de identificar e resolver problemas, além de responder de forma flexível às demandas dos clientes por novos produtos e serviços.
Fonte: ABES Software
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