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Agenda da sustentabilidade será indutora da retomada da economia, apontam especialistas

Ignacio Ibáñez, embaixador da União Europeia no Brasil, Carlos Takahashi, presidente da BlackRock Brasil, e Eduardo Sattamini, presidente da Engie Brasil Energia, participaram de reunião da CNI


A sustentabilidade será indutora da retomada da economia mundial e o Brasil pode ser um importante protagonista nessa agenda. A conclusão foi de especialistas que participaram da 117ª reunião do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coemas) da Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta segunda-feira (25). “O maior desafio nessa retomada econômica é justamente encontrar o ponto de equilíbiro entre a necessidade de isolamento para conter a pandemia e a retomada das atividades”, destacou o presidente do Coemas, Marcelo Thomé.


A opinião foi compartilhada por Carlos Takahashi, presidente da BlackRock Brasil, uma das maiores gerenciadoras de investimentos do mundo. Segundo ele, o equilíbrio entre compaixão e pragmatismo será fundamental para bons resultados na retomada econômica. “A pandemia deixa expostos desequilíbrios na sociedade em todo mundo. Pudemos constatar deficiências sanitárias e na infraestrutura de saúde em todos os países”, disse.


Takahashi afirmou que uma pandemia apareceu no fim da lista de probabilidades e preocupações nas reuniões do Fórum Econômico Mundial de Davos, mesmo que a convivência com riscos de pandemia causadas por vírus sempre esteve presente na humanidade. “A grande lição que tiramos disso é que não devemos subestimar sinais que recebemos. Estivemos muito orientados para a inovação e desenvolvimento de novas tecnologias e não olhamos para o que era básico”, reforçou.



"O maior desafio na retomada econômica é encontrar o ponto de equilíbrio entre necessidade de isolamento e retomada das atividades" - Marcelo Thomé, da CNI

Conforme Takahashi, com a pandemia, temas ambientais, sociais e de governança vão se tornar cada vez mais relevantes, sem perder de vista o lado econômico. Segundo ele, já há uma percepção global das empresas de que ações de filantropia e de conservação do meio ambiente estão sendo precificadas no mercado. “No aspecto de governança, percebe-se que as decisões tomadas de forma ponderada, com maturidade, consistência e transparência, também serão reconhecidas”, complementou.


União Europeia une esforços para impulsionar agenda da sustentabilidade


"O Brasil é parceiro estratégico da União Europeia, ainda mais com a proximidade da entrada em vigor do acordo com o Mercosul" - Ignacio Ibáñez, embaixador da UE

O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ibáñez, destacou que a sustentabilidade será a base de retomada da economia da região no pós-pandemia. Antes da crise desenvolvida pelo covid-19, o bloco desenvolveu o Pacto Verde Europeu, que estabelece diretrizes para o crescimento econômico de baixo carbono, justo e inclusivo, que guiará as ações da Comissão Europeia nos próximos anos. “Esse pacto não é luxo, mas um salva-vidas”, declarou Ibáñez.


Segundo ele, o desejo do bloco é que essa não seja uma agenda somente europeia, mas internacional, e o Brasil é parceiro estratégico da União Europeia, ainda mais com a proximidade da entrada em vigor do acordo com o Mercosul. “Esse acordo não é só comercial, mas é muito baseado em valores comuns, como defesa da democracia e dos direitos humanos e da sustentabilidade das atividades econômicas”, pontuou. Ibáñez afirmou ainda que o Brasil tem um grande potencial ao garantir o uso sustentável da sua biodiversidade, a maior do planeta.

"É necessário ter segurança jurídica, regulatória e contratual para atrair capital para o desenvolvimento do país” - Eduardo Sattamini, presidente da Engie Brasil Energia

Para o presidente da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini, a sustentabilidade é um conceito fundamental e será ainda mais estratégico para que empresas tenham sucesso no pós-covid. “Se não for assim, os negócios estão fadados a desaparecer. A sustentabilidade é parte do DNA da Engie, que está entre as cinco maiores empresas na bolsa de valores e com participação da BlackRock no capital da empresa”, relatou.


Sattamini destacou que a pandemia trouxe importantes avanços em relação à eficiência dos negócios, por meio do trabalho remoto e das ferramentas digitais, que geram menos impactos ao meio ambiente e reduz custos com viagens, por exemplo. “Essa mudança traz a necessidade de novos perfis de liderança, que devem ser mais inspiradores para que maximize o valor das pessoas, e que saiba liderar com menos contato físico”, disse. “O chefe tradicional não terá vez no mercado”, afirmou Sattamini.


Ele criticou o desalinhamento das diversas esferas de poder do país no enfrentamento à pandemia, que acaba gerando insegurança jurídica. “É necessário ter segurança jurídica, regulatória e contratual para atrair capital para o desenvolvimento do país”, concluiu Sattamini.





Por: Maria José Rodrigues

Foto: Miguel Ângelo

Fonte: Agência CNI de Notícias

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