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Lixo Eletrônico: fonte de riqueza, sustentabilidade e equidade social para o Brasil em 2022

Foi-se o tempo em que o ciclo de vida de um dispositivo eletrônico iniciava-se com sua compra e terminava com seu desligamento da rede corporativa. Na era do ESG (Environment, Social e Governance), a TI é convocada a adotar políticas de descarte de equipamentos antigos plenamente alinhadas com as melhores práticas em sustentabilidade. É hora da organização assumir a responsabilidade também sobre a etapa de reciclagem de seus dispositivos digitais.


Trata-se de uma questão premente. O lixo eletrônico, “e-waste”, é o tipo de lixo que cresce mais rapidamente no mundo. Um estudo do UN Environment Program relata que 53,6 milhões de toneladas métricas de e-waste foram criadas em 2020. Isso representa um aumento de 21% na produção desse tipo de lixo. Infelizmente, boa parte desses dispositivos foram descartados sem cuidados, sem consciência do valor desses materiais. A quantidade total de matérias primas descartadas como e-waste no ano passado chegou a 57 bilhões de dólares.


A pandemia agudizou esse quadro, reduzindo o ciclo de vida dos dispositivos eletrônicos – a aceleração digital e a busca pela melhor UX levou à renovação de parques tecnológicos. Os colaboradores adotaram o trabalho remoto, deixando milhões de desktops sem usar em seus escritórios e tendo acesso a novos notebooks, entre muitos tipos de dispositivos trocados nos últimos dois anos.


Pesquisa realizada pela consultoria européia Info Blancco em abril de 2021, a partir de entrevistas com 600 líderes de organizações dos EUA, Reino Unido, Japão, Alemanha e França – empresas com no mínimo 5000 colaboradores – mostra quão grande é o desafio de incorporar políticas sustentáveis de descarte à gestão da TI. Esse estudo atesta o descompasso entre o que se pensa e o que se executa em termos de reciclagem de eletrônicos. 92% do universo pesquisado conta com políticas sustentáveis de TI. Somente 24% dos entrevistados, porém, promovem a reutilização dos equipamentos antigos, seja como um computador de segunda mão sendo empregado por outras empresas, seja como fonte de componentes eletrônicos.


Cemitério de eletrônicos

A falta de cultura de reciclagem de dispositivos digitais cria “cemitérios de equipamentos” em empresas e em residências também. Estudo realizado pela agência federal norte-americana Environmental Protection Agency no final de 2020 estima que somente 15 a 20 por cento do e-waste são reciclados.


A maior parte desses aparelhos eletrônicos vai diretamente para aterros, incineradores – acontece, também, a exportação ilegal desses produtos. É comum que os componentes tóxicos sejam deixados nos lixões ou lançados no solo. Essas estratégias são perigosas. A maioria dos componentes eletrônicos possui elementos tóxicos, incluindo chumbo, berilo, cloreto de polivinila (PVC) e mercúrio. Todas essas substâncias são extremamente prejudiciais para o ambiente e os seres humanos.


O que fazer, então, para reverter esse quadro?

O primeiro passo é integrar ao planejamento estratégico da TI e às políticas de monitoração de ambientes digitais da empresa a fase de descarte dos equipamentos. A meta é reduzir ao máximo o consumo de recursos e, também, evitar ações que prejudiquem o planeta.


Dentro das normas ESG, a monitoração dos dispositivos eletrônicos de uma organização deve medir sua eficácia, seu consumo de energia elétrica, o custo de sua manutenção, seu alinhamento às regras de cyber segurança e, também, quando e como será descartado. As melhores plataformas de monitoração do mercado acompanham 24x7x365 todo o ciclo de vida do equipamento, construindo KPIs que irão alimentar as plataformas ESG. Essa abordagem é, hoje, fonte de valor de mercado para a empresa – ações podem subir ou baixar conforme a organização consiga provar sua aderência às normas ESG. Conseguir dar um fim digno, sustentável e com valor social aos equipamentos antigos faz parte desse contexto e demanda a visibilidade que somente soluções “white label” de monitoração conseguem entregar.


Monitoração de TI contribui para a redução do consumo de recursos

Eu trabalho em uma empresa que tem adotado essa estratégia já há algum tempo. Acreditamos que o monitoramento de ambientes digitais desempenha um papel vital na redução do consumo de recursos da humanidade . Recentemente passamos a compensar a emissão de carbono dos nossos dispositivos. Ao mesmo tempo em que adquirirmos um novo notebook, por exemplo, subsidiamos uma ONG com idêntico valor. Esses profissionais irão coletar lixo eletrônico, reciclar esses materiais e dar um novo fim – tanto em termos de sustentabilidade como de equidade social – ao e-waste. E, quando chegar a hora de descartar o notebook, isso será feito de modo a preservar a natureza. Faz parte da nossa estratégia, também, revitalizar os equipamentos de modo a atuarem como soluções de segunda mão, agregando valor a empresas e pessoas com menos acesso a dispositivos digitais.


Antes de se chegar a esse momento – a entrega do equipamento antigo para ser reciclado ou para ser usado como máquina de segunda mão – porém, é essencial adotar algumas estratégias de gestão. O primeiro passo é checar se, de fato, já é hora de substituir o dispositivo eletrônico por um novo. A plataforma de monitoração de TI pode ajudar nessa decisão, apresentando dados sobre a performance e o comportamento do equipamento em produção.


LGPD: a importância de se apagar os dados do dispositivo que vai ser reutilizado

Outra tarefa crítica é executar com o máximo rigor o apagamento dos dados antes da desconexão. Isso tem de ser feito na sede da empresa, antes da entrega do PC para seu novo proprietário. Quer o destino do equipamento antigo seja para revenda, doação ou reciclagem, é fundamental se assegurar que os dados arquivados no dispositivo tenham sido totalmente apagados. No caso de dados pessoais de colaboradores, clientes e parceiros, a questão é ainda mais crítica. A entrega do dispositivo para terceiros equivalerá a um vazamento de dados passível de ser penalizado pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).


Todos esses passos ajudam os gestores a abandonar a visão ‘compre, use, descarte’ e adotar a mentalidade ‘use, reuse, recicle’. O Brasil conta com diversas empresas – Reciclatech, Ecobraz e Sucatadigital, entre outras – que podem ajudar as organizações a trilhar essa nova jornada.


O descarte de equipamentos tem de seguir os princípios da economia circular, reduzindo o impacto ambiental do lixo eletrônico e, sempre que for possível, revitalizando o dispositivo para ser usado como um computador de segunda mão. Isso não apenas reduz o lixo eletrônico e as emissões de CO2, mas facilita o acesso de populações menos favorecidas à tecnologia. Cria-se uma relação “ganha-ganha” em que o e-waste, em vez de ser um problema, torna-se fonte de riqueza.


Por: Luis Arís, gerente de desenvolvimento de negócios da Paessler América Latina.

Fonte e imagens: InforChannel

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