A startup Roentgen, incubada no Eretz, o espaço de empreendedorismo e inovação em saúde do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, está desenvolvendo um software para identificar o risco de lesão por termografia – método que capta o calor emitido pelo corpo.
Já a empresa campineira Geomeridium está elaborando um sistema que combina informação geográfica e indicadores de marketing para auxiliar pequenas empresas a identificar áreas com maior potencial para abertura de um negócio ou de um novo ponto de venda.
Os dois projetos estão entre os 56 selecionados no terceiro ciclo de 2019 do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas PIPE, anunciados no dia 12 de março, em evento na FAPESP.
Na ocasião também foram anunciados sete projetos selecionados na 7ª Rodada do programa PAPPE/PIPE Subvenção.
“Esperamos que as empresas cujos projetos foram selecionados tenham grande sucesso em realizar pesquisa significativa e de relevância, que resulte em negócios que gerem receita e possam mostrar que ciência e tecnologia contribuem enormemente para o desenvolvimento de São Paulo e do país”, disse Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da FAPESP, durante o evento.
O PIPE apoia a execução de pesquisa científica e ou tecnológica em pequenas empresas no Estado de São Paulo com até 250 empregados. O programa tem quatro ciclos anuais, cada um deles com R$ 15 milhões de recursos para apoiar projetos selecionados para a Fase 1 do programa, de análise da viabilidade técnico-científica de uma ideia, e para a Fase 2, de desenvolvimento da proposta de pesquisa.
A Fase 1 tem duração de nove meses e financiamento de até R$ 200 mil por projeto. A Fase 2 tem duração de dois anos e financiamento de até R$ 1 milhão por projeto.
Os recursos para a Fase 3, de desenvolvimento comercial e industrial de produtos ou processos resultantes da pesquisa, devem ser obtidos pela empresa junto ao mercado e a outras agências de financiamento ou ainda por meio de submissão de propostas às chamadas do programa PAPPE-PIPE.
Em 2019, o PIPE aprovou 246 projetos, o que equivale a quase um projeto aprovado por dia útil do ano. Os projetos podem receber financiamento de até R$ 1,2 milhão, somando as fases 1 e 2.
“O projetos apoiados pelo PIPE têm de mostrar que têm ciência e pesquisa interessante envolvida e que é possível gerarem receita. Um dos objetivos da FAPESP com o programa é estimular a criação de uma cultura de inovação permanente no Estado de São Paulo, baseada em pesquisa”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
Pesquisadores em empresas
Na avaliação de Brito Cruz, o PIPE-FAPESP é especialmente importante para São Paulo, onde, diferentemente do que acontece no país, a maior parte dos pesquisadores atua em empresas, e em menor parte em universidades ou instituições de pesquisa.
“Dos 74,3 mil pesquisadores ativos em São Paulo, 57% estão em alguma das 17 mil empresas inovadoras no Estado”, apontou.
Um desses pesquisadores é o engenheiro aeronáutico Jhonata Emerick Ramos.
Em 2014, Ramos fundou a 99Motos – uma startup com foco em logística urbana que em 2016 foi incorporada por outra empresa, a Rapiddo, dando origem a maior empresa do mercado de aplicativos para entregas rápidas na América Latina.
Em setembro de 2018, a Rapiddo foi vendida para a iFood. Desde então, Ramos tem se dedicado ao projeto de desenvolvimento do software para identificar o risco de agravamento de lesão por termografia, selecionado agora pelo PIPE-FAPESP.
“Estamos concluindo um projeto-piloto com o Palmeiras e o São Paulo, com o objetivo de avaliar a eficácia do software para reduzir lesões nos jogadores da cintura para baixo. Agora, por meio do projeto apoiado pela FAPESP, pretendemos desenvolver um método que faça a termografia do corpo todo e possa ser usado no mercado laboral, por exemplo, para tentar prevenir lesões em trabalhadores”, afirmou.
Quando acontece uma contusão, por exemplo, ocorre uma mudança de temperatura ao longo do tempo no grupo muscular afetado. Por meio do sistema termográfico é possível identificar essa região contundida e, dessa forma, intervir para impedir que cause uma lesão, explicou Ramos.
Fonte: Elton Alisson | Agência FAPESP
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