Existem alguns fatos muito interessantes no universo do trabalho. Ao mesmo tempo em que muita gente procura um lugar ao sol, não importa o nível de experiência, segmento ou localização geográfica; o panorama parece muito cruel para os jovens que precisam de um estágio para iniciar sua jornada no mundo profissional.
O primeiro cenário mostra um jovem ambicioso, talentoso, procurando “aquela” vaga nas megaempresas, preferencialmente localizadas na Faria Lima, Vila Olímpia ou Berrini. Estes jovens acham que sabem tudo. Chegam a desdenhar dos entrevistadores, do valor da bolsa, da distância, da falta de acolhimento da empresa, do café, de tudo, são os Doutores Estagiários. É complicado explicar que o começo não é um mar de rosas, e que apesar de possuírem conhecimento atualizado, a vida “lá fora” é bem diferente, e podem se desiludir com a distância entre o que aprenderam na faculdade e a aplicação “na vida como ela é”.
O segundo cenário mostra empresas procurando estagiários para definirem estratégias de negócios como parte da “dinâmica”, numa entrevista. É muito frustrante ver por quantas fases, testes, fit cultural, análises comportamentais, games, depoimentos, gincanas, desafios estes jovens precisam fazer como parte do processo. Eventualmente precisam mandar vídeos em inglês respondendo, por exemplo, como as mídias sociais podem ser usadas para comunicar mudanças tecnológicas e conteúdo de marketing a seus públicos-alvo – tempo: 30 segundos.
Numa pesquisa pelo termo “estagiário” para este texto, encontrei “(Junior) Localization Manager”. A vaga pede “1 ou 2 anos de experiência em gestão de programas/projetos de Localização”. Outra empresa, numa entrevista online, pede para a candidata apresentar no próximo call, uma estratégia para prospects que têm a percepção de que seus produtos são caros e ideias para geração de novos leads.
Enquanto os “Faria Limers-wannabes” sofrem por verem seus objetivos longe de serem atingidos, algumas empresas, por outro lado, querem pagar barato por talentos jovens e inexperientes, e que aceitam o desafio. Transferem a estes estagiários atividades de quem usa o crachá há muito tempo. "Self-motivated, self-starter" são os adjetivos utilizados na descrição do cargo , algo como "vista a camisa e aprenda sozinho". Estas empresas dizem que possuem um ambiente arrojado, ético, transparente, inovador, equitativo, têm um time fora da curva, suas atividades impactam o ser humano, fornecem experiências significativas e querem construir um mundo melhor. Será?
Por: Gladis Costa, colunista Canal BR4.0
Instituição de vínculo: Grupo Mulheres de Negócios
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