Desde o ano passado, R$ 88 milhões foram destinados para pesquisas, inovação e capacitação pelo programa Alavancagem de Alianças para o setor Automotivo
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) apresenta nesta quarta-feira (19), os resultados do primeiro ano de trabalho do programa Rota 2030, bem como as oportunidades disponíveis para o setor automotivo. Coordenado pelo SENAI, o programa Prioritário Alavancagem de Alianças para o Setor Automotivo atua em três linhas de trabalho: desenvolvimento de competências, incremento de produtividade da cadeia e aumento de recursos para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).
O programa já disponibilizou R$ 88 milhões para projetos e tem o desafio de ampliar a inserção global da indústria automotiva brasileira.
Para debater a importância da construção de alianças estratégicas para impulsionar o setor automotivo frente aos efeitos causados pela pandemia, o SENAI promove um painel com a presença de representantes do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e o Ministério da Economia. O evento será às 16h30.
O programa Rota 2030 é parte da estratégia elaborada pelo governo federal para desenvolvimento do setor automotivo. O Brasil tem capacidade de oferecer ao mundo inovação disruptiva no setor automotivo, a partir do programa Rota 2030, avalia o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi. A proposta é que este movimento de inserção global seja progressivo, permitindo que ao final da vigência do programa o país esteja inteiramente inserido na produção global de veículos automotores.
“O Brasil tem uma oportunidade ímpar para fortalecer a indústria por meio da inovação, que é a chave para o desenvolvimento da economia brasileira. A inovação ocorre nas empresas, mas depende de um contexto, de um ecossistema, ninguém inova sozinho. Por isso, a importância da iniciativa combinada de instituições de conhecimento como o SENAI e de uma ação estratégica da agenda de política pública sob uma lógica de governança destinada a gerar valor e riqueza para o país”, ressalta Lucchesi.
Desenvolvimento de competências entre profissionais do setor também é foco
Na linha de desenvolvimento de competências, o SENAI criou um MBI (Master in Business Innovation) em Indústria Avançada: Automotiva 4.0, com metodologia inovadora desenvolvida com foco no incremento da produtividade da cadeia, a partir da relação com as montadoras, onde os alunos são agentes ativos, desenvolvendo práticas reais que geram resultados para o setor.
O programa possui uma turma em andamento com 55 alunos de 20 das maiores empresas do setor automotivo. É o caso do engenheiro mecânico, Eduardo Duarte Ziller Fagundes, que trabalha no grupo Stellantis e que está cursando o MBI. Há 17 anos no mercado, Eduardo ressalta que as pesquisas em inovação para o setor automotivo são fundamentais para trazer uma inteligência de dados capazes de apontar tendências e orientar tomadas importantes de decisão.
“No Brasil, os principais desafios são os custos das novas tecnologias, falta de fomento e de infraestrutura. Maquinários antigos e obsoletos podem ser um entrave para implementação de tecnologias mais atuais que permitem que as máquinas se tornem unidades autônomas e ao mesmo tempo interligadas em rede num processo que irá garantir autonomia e maior produtividade. O tema indústria 4.0 é relativamente novo e a indústria automotiva tem ainda muitas algemas tecnológicas que precisam ser rompidas dando espaço a processos mais dinâmicos, inteligentes e conectados” pondera Eduardo Fagundes.
São oferecidas também oficinas com o objetivo de promover a atualização profissional de colaboradores, terceirizados e fornecedores da cadeia automotiva, proporcionando um melhor desempenho no exercício do trabalho e o crescimento conjunto do setor. O programa já capacitou 1.510 alunos em oficinas de Industria 4.0, digitalização e produtividade.
Mais informações sobre o MBI acesse o site do SENAI CETIQT.
O programa já disponibilizou R$ 88 milhões para projetos e tem o desafio de ampliar a inserção global da indústria automotiva brasileira
Mentoria lean aumenta produtividade das empresas automotivas
Com a chegada da indústria 4.0 as empresas têm buscado desenvolvimento de know how, tanto de design, como fabricação e integração por empresas de capital nacional, potencializando o poder de mercado que a indústria possui. Dentro do Programa Rota 2030, na linha de produtividade, o SENAI disponibilizou R$ 30 milhões para realização de consultoria em lean manufacturing e/ou digitalização com o objetivo de aumentar produtividade da indústria automotiva.
A medida busca identificar as principais fragilidades e/ou oportunidades da cadeia, mapeando e aplicando ferramentas que, respectivamente, neutralizem ou potencializem as mesmas. O SENAI já realizou mais de 500 avaliações de maturidade em indústria 4.0 e está atendendo a 271 empresas da cadeia automotiva com o objetivo de obter 20% de incremento de produtividade em lean e 10% em digitalização.
Aumento de 60% em produtividade, esse é o resultado obtido pela ADR Brasil Eixos, empresa especializada na fabricação de eixos e suspensões para implementos agrícolas e rodoviários, localizada em Ribeirão Preto (SP). Depois de receber a consultoria em lean manufacturing, do SENAI-SP entre setembro e dezembro de 2020, a empresa conseguiu melhorar processos produtivos, gerenciais e capacitação da equipe, reduzindo desperdícios e aumentando a produtividade.
Para o diretor geral da empresa, Fernando Ribeiro, o programa de consultoria chegou em um momento oportuno para a empresa que passa por um momento de transformação e aperfeiçoamento dos processos e eficiência de uma forma geral. “Conseguimos ajustar nossos processos e mapear fluxos para melhorar nossos resultados. Além de obter orientação técnica e conceitual de ferramentas para aplicação de ganhos em produtividade e qualidade de produtos. Nossa meta é caminhar para digitalização rumo a indústria 4.0”, destaca.
Aliança industrial desenvolve novo sistema de transmissão para carros elétricos
Para o aumento em projetos PD&I, o SENAI disponibilizou R$ 58 milhões para duas chamadas com foco na linha de empreendedorismo industrial pelas categorias Aliança Automotiva e Desafios Automotivos. O objetivo é formar uma aliança industrial unindo conhecimento e recursos para solucionar desafios do setor. Além de conectar médias e grandes empresas para o desenvolvimento conjunto de soluções inovadoras para cadeia automotiva. Nesta categoria ainda existem recursos disponíveis para inscrições de novos projetos.
O setor automotivo mundial tem investido cada vez mais na produção de carros elétricos em todos os segmentos: veículos de passeio, carga e transporte coletivo. De olho no mercado, a fabricante de autopeças ZEN SA, com o apoio do Instituto SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura, de Santa Catarina, se reuniu em uma aliança estratégica com as empresas WEG SA, eION e Gerdau, por meio do financiamento do Rota 2030, para investir no desenvolvimento de um redutor automotivo para tração elétrica que deve ser concluído em dezembro de 2022.
Na prática, o EletroRedutor permite que o motor elétrico trabalhe com maior eficiência durante a operação do veículo. Com esse novo mecanismo, espera-se ganhos de autonomia ou de redução de custos com baterias.
Para o gerente de Engenharia, Produtos e P&D da ZEN SA, Paulo Mortari, esse projeto está alinhado as tendências de eletrificação do mercado automotivo. Dessa forma cria-se rota tecnológica alternativa para o crescimento sustentável para as empresas a médio e longo prazo.
“A produção de peças para carros elétricos tem um apelo ambiental, na medida em que pesquisas indicam que cerca de 15% das emissões globais de gases que geram o efeito estufa são provenientes do setor de transportes. A busca de soluções de inovação incrementais e disruptivas a partir do projeto proposto visam explorar aspectos de geometria, materiais e fabricação das engrenagens que venham aumentar a capacidade de toque, diminuir perdas de potência e atenuar a geração e a propagação de ruídos e vibrações nos veículos eletrificados”, ressalta.
Como participar
A Plataforma Inovação para a Indústria está aberta à participação de empresas do setor industrial automotivo de todos os tamanhos, inclusive startups de base tecnológica.
Os projetos podem ser podem ser inscritos em duas categorias: Empreendedorismo industrial por meio de Alianças, onde as propostas devem ser apresentadas por um grupo formado por pelo menos três empresas e um dos 27 Institutos SENAI de Inovação ou na Categoria de Empreendedorismo Industrial por meio de Desafios, onde Indústrias interessadas podem lançar desafios para que Startups possam apresentar soluções para os temas.
A Plataforma Inovação para a Indústria é uma iniciativa do Sistema Indústria para financiar o desenvolvimento de produtos, processos ou serviços inovadores, com o objetivo de aumentar a produtividade e a competitividade da indústria brasileira, além de promover a otimização da segurança e saúde na indústria.
Criada em 2004 como Edital SENAI SESI de Inovação, a iniciativa já selecionou mais de mil projetos inovadores, nos quais foram investidos mais de R$ 817 milhões. As propostas escolhidas recebem recursos e apoio para desenvolvimento de uma prova de conceito, passando por processos de validação, de protótipo e de teste na rede de inovação e tecnologia do SENAI.
Por: Neyfla Garcia
Fonte e imagens: Agência CNI de Notícias
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