O edital de leilão para implementação da nova tecnologia 5G no Brasil deve ocorrer no segundo semestre deste ano e promete revolucionar a indústria brasileira, a cobertura de rede no Brasil, além de trazer impulso para criação de novos produtos e processos de produção. Mas, nos bastidores, está a decisão política do Brasil diante de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China.
O advogado, consultor na área do direito da comunicação e autor do livro “Jogo geopolítico das Comunicações 5G – Estados Unidos, China e o impacto no Brasil”, Ericson Scorsim, analisa a disputa pela liderança global e seus reflexos na economia digital. Além dos bastidores das decisões mundiais sobre o assunto, o cenário brasileiro e mundial para implementação do 5G, e das implicações políticas, econômicas e tecnológicas.
Para o advogado, o que está em jogo para o país é sua soberania, diante de um quadro de guerra comercial. “Os Estados Unidos tomaram uma postura nacionalista quanto ao 5G, com restrições à liberdade de comércio e competitividade comercial. Porém, curiosamente, não possuem nenhuma empresa líder global”, comenta.
As líderes mundiais são a chinesa Huawei, a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia. O governo americano desconfia que a Huawei pode usar ações encobertas pela nova tecnologia para repassar dados para a inteligência chinesa. Com esse pensamento adotou medidas protecionistas e ameaça não mais compartilhar informações de inteligência com países aliados se adotada a tecnologia de 5G fornecida pela multinacional.
Scorsim alerta em seu livro o risco de aumento de custos tanto para as telefônicas quanto para os consumidores, caso o Brasil adote as pressões vindas dos Estados Unidos. Além disso, a opção geoestratégica de proibir a Huawei implica em riscos geopolíticos com a China. “Há o risco de a China diminuir o volume de investimentos no Brasil, bem como reduzir o volume de importação de soja e minérios, entre outros produtos e serviços”, explica.
A melhor medida geoestratégica seria o país brasileiro seguir a política da União Europeia, que não proibiu a tecnologia de 5G da Huawei, mas estabeleceu limites no fornecimento de equipamentos de telecomunicações chineses. “A opção regulatória da União Europeia é um modelo mais aberto ao livre comércio global. Por evidente que o interesse da segurança nacional dos Estados Unidos não é coincidente com o interesse nacional do Brasil”, diz Scorsim.
O que a tecnologia 5G permite:
Acesso às redes (smartphones, torres e antenas);
Acesso às redes de gestão dos dados (controles de identificação, pagamentos, armazenamento em data centers, etc);
Acesso às redes de transporte de dados (backhauls, backbones e roteadores);
Acesso a cabos submarinos e satélites. Esta tecnologia de 5G permite maior transporte do volume de dados, bem como a redução do tempo de reposta entre emissor e receptor das comunicações;
Tecnologia de wi-fi 6.0, que depende do acesso de frequências não licenciadas. As frequências, também, possuem aplicação militar, sendo essenciais no cenário de guerras eletrônicas e/ou virtuais (electronic wars).
Fonte e imagens: Startupi
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